02 Oct
Audiência Pública debate como equilibrar desenvolvimento e proteção socioambiental em Suape

Garantir o desenvolvimento sustentável dos municípios que compõem o Território Estratégico de Suape. Esta foi uma das metas da Audiência Pública promovida pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico e de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, na última quinta, em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife. Realizada no auditório do Centro Administrativo de Suape, a reunião contou com a participação de gestores municipais, vereadores e representantes da sociedade civil organizada. 

O deputado Jeferson Timóteo, que solicitou o debate, defendeu que as cidades integrantes das Áreas de Influência Direta e Indireta do Complexo Industrial e Portuário sejam favorecidas pelo crescimento econômico decorrente do Novo PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal.Dentre os empreendimentos previstos está o Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima, Rnest, com recursos da ordem de 1,6 bilhão de dólares. Timóteo espera que os empregos gerados com a ampliação da unidade beneficiem os pernambucanos. O deputado lembrou o boom econômico vivenciado em Suape nos anos 2000, com a construção do Trem 1 da unidade de refino de petróleo. Ele avaliou que, no período, as políticas relacionadas à qualificação profissional, moradia, saneamento e segurança pública foram negligenciadas. 

Segundo o parlamentar, o aumento da demanda por serviços públicos sobrecarregou as prefeituras: Os municípios precisam de uma compensação financeira tanto por parte do Governo Federal, ou da Petrobras, então a gente vai encaminhar isso junto ao relatório”. Além do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes e Moreno, na Região Metropolitana, quatro outras cidades fazem parte da Área de Influência do Complexo Portuário: Escada, Ribeirão, Rio Formoso e Sirinhaém, na Mata Sul. Gestores municipais relataram os esforços para assegurar a infraestrutura adequada aos novos empreendimentos de Suape. 

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Cabo, Inaldo Campelo, apontou que a prefeitura tem “feito o dever de casa” na qualificação profissional dos jovens. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ipojuca, Puran Medeiros, lembrou o “passivo social” deixado pelas demissões em massa na Rnest e no Estaleiro Atlântico Sul, em 2015, que atingiram mais de 40 mil trabalhadores. 

A secretária executiva da Mulher do Cabo, Walquíria Alves, argumentou que o desenvolvimento econômico deve alcançar “quem mais precisa”. A gestora comentou o aumento dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes à época da criação do polo petroquímico e do estaleiro. O aumento que a gente teve de violência contra a mulher aqui, o número aumentado que a gente teve de abuso e exploração sexual contra meninas e adolescentes, principalmente na região das praias. Quando eu cheguei aqui muito se falou dos ‘filhos de Suape’, que a gente teve aqui”.    

O vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, deputado Luciano Duque, do Solidariedade, propôs que os atores envolvidos na economia de Suape se unam para impedir que os prejuízos sociais e ambientais ocorridos na última década se repitam. Não podemos aceitar e permitir que o novo ciclo de desenvolvimento comece no estado e traga os mesmos problemas”. 

O diretor-presidente do Complexo Industrial e Portuário, Marcio Guiot, afirmou que a empresa pública tem o olhar direcionado às comunidades locais: Temos mais empresas por vir, tendo a duplicação da refinaria, então é importante realmente que um debate como esse aconteça, para que a gente esteja melhor preparado, tirar as lições aprendidas no passado pra que a gente possa tentar capitalizar o máximo possível pro pessoal que mora aqui no território, que mora no entorno”. O coordenador de Assistência Social e Regularização Fundiária de Suape, Paulo Teixeira, pontuou que a empresa costuma ser “responsabilizada” pelos problemas socioambientais do território estratégico. E chamou a atenção para o dever dos demais atores públicos de garantir qualidade de vida à população. 

A Audiência Pública da última quinta ainda contou com a participação de diversas entidades como Senai, Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco, Fiepe, Federação Única dos Petroleiros, FUP, e Centro das Mulheres do Cabo, além de líderes comunitários.


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